sábado, 22 de outubro de 2011

Budices

Estudei as suas características,o seu temperamento. Informei-me com o meu primo Bernardo que já tinha tido uma da mesma raça. Perguntei ao Rui o que ele achava. Vi preços e ninhadas na net. Uma noite comprei-o.
Pedi ao Xico que fosse comigo a Lisboa para o buscar e, num frio dia de fevereiro, lá fomos nós no velho Mercedes vermeho. O Xico f o oicaminho todo a refilar comigo, o Xiça(que também foi) sempre a dizer que queria ir à Salsa que queria umas calças e uns ténnis novos porque ia haver uma festa na UE e eu, no banco de trás, inquieta com a demora da viagem, desejosa de chegar para o ver.
Fui busca-lo à escadaria do estádio do Sporting. Era tão pequeno! Estava assustado mas tinha um ar tão doce... Apaixonei-me. E ele por mim. Chamei-lhe Buda. Como o Deus. Foi neste instante que começou a nossa amizade.
Voltamos para Évora e não nos separamos mais. A primeira noite dormiu-a deitado em cima da minha barriga, de olhos postos em mim.
De manhã eu saia para as aulas e ele ficava na varanda. Mal podia voltava para estar com ele. Todas as tardes passeávamos os dois e brincávamos na relva. À noite eu sentava-me a trabalhar e ele ao meu colo. Seguia-me por todo o lado. Até para a casa de banho. Enquanto eu tomava banho, ele deitava-se no tapete à minha espera.
Até que um dia ele teve de ficar em Portalegre. Foram várias as viagens que fiz para a Évora a choramingar e com o coração apertado de saudades. Ele ficava com a minha mãe, na serra onde podia correr e brincar todo o dia, mas também ficava triste. Quando eu voltava era uma festa imensa!
Depois voltei a viver na serra uns tempos e ele andava feliz.
Agora, já há dois anos, estou em Lisboa e as saudades voltam a apertar. Um desdes domingos, estava eu a despedir-me dele e, acredite-se ou não, ele chorou. Perceceu que me vinha embora, olhou-me fundo e chorou.
Cá em Lisboa sinto muito a falta dele. Ele faz muita companhia, mima-me. Sinto a falata daqueles olhos claros e meigos. E até daquele seu ladrar desajeitado.
Prometi-lhe que assim possa, assim que tenha dinheiro, vou arranjar uma casa com espaço para ele. Com um pouco de rua para ele brincar. Gosto sempre de cumprir o que prometo.
O prometido é devido.

2 comentários:

  1. O Buda é o bom exemplo de que os cães são os melhores amigos. Nada pedem, nada exigem, só a fidelidade recíproca.
    Beijo.

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  2. Ai minha filha, como eu te compreendo! Os nossos cães são grandes amigos, são leais e amigos SEMPRE. Um dia vais ter um espaço para teres o Buda contigo, tenho a certeza!Agora, ele fica bem comigo, dou-lhe mimo e tem o Tango!
    Beijinhos

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