sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cobardices

Estava um fim de tarde lindo lá fora. Mesmo como ela gostava. Estava frio, o céu bem limpo  e o sol num adormecer terno. Ela queria ser o sol. Também ela queria adormecer em paz e ternamente. Mas não. O seu coração estava trémulo e com um nó. Como seria possivel desfazer aquele nó tão apertado que crescia a cada dia? Quem lhe dera ter daquelas agulhas de criché que a sua avó tinha para poder,sem dificuldades, puxar uma malha e desfazer o nó.
Sempre fora uma pessoa calma. sempre fora dedicada e apaixonada. e sempre tivera um nó. Acreditava que no seu coração as artérias estavam enroladas desde nascença. Mas em tantos anos não teria havido nenhum médico que tivesse reparado naquilo?
Lá fora o frio continuava e ela, numa tentativa de congelar o nó, pegou no casaco e saiu. Sentou-se ao pé do mar, no muro com musgo e gelado, e ficou assim,em selilêncio, a observar o mar.
O Mar...Como podia o mar ser tão grande e transmitir tanta calma?
"Como podia?" era algo que ultimamente ela muito perguntava. Como podia ter-lhe acontecido aquilo? Como podiam as pessoas ser assim? Como podia ele ter sido tão cobarde?  Como podia doer tanto o seu nó?
Como podia ela tirar o nó de dentro do peito?

3 comentários:

  1. Minha querida filha, como eu queria saber como fazer para te ajudar a desfazer esse nó... Talvez seja solução olhar o mar, abraçar o Buda, crer no amanhã que sempre vem. Crer em ti!! Gostares MUITO de ti! és fantástica! Mil beijos Mãe

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  2. Vai, com coragem, desfazer o nó que te ata à vida. Tens muita gente amiga para te ajudar...
    Beijos

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  3. Esse nó existe porque um dia demos tudo para o construir. E só por isso valeu a pena querida, porque fomos autênticas e inigualáveis.
    Um dia o nós vai desaparecer.
    Temos de acreditar.

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